A crescente interferência chinesa em Hong Kong pode relegar o local a status de mercado emergente. O alerta é de Mark Makepeace, ex-chefe da FTSE Russell, um dos maiores fornecedores de índices econômicos e de mercado do mundo.
Em entrevista à Sky News, Makepeace afirmou que os fornecedores de índices se pautam por decisões financeiras e não políticas. A questão de Hong Kong, no entanto, é peculiar.
“Os reguladores em Hong Kong permanecem independentes das regras e regulamentos da China continental e assim deve continuar. O ideal é manter o território exatamente como está”, afirmou.
Segundo Makepeace, se a regulação for dirigida à China e os controles da capital forem decididos por Beijing, há chance de Hong Kong acabar com o mesmo tratamento dado pelos financistas a Beijing – o de um mercado emergente.
A decisão teria impactos no mercado de ações honconguês. Com a perda de ações de todo o mundo, dezenas de bilhões de dólares poderiam sair da ex-colônia britânica.
O território vive forte tensão política desde a última quarta (11), quando todos os políticos de oposição de Hong Kong renunciaram em massa após a expulsão de quatro parlamentares.
Hong Kong em evidência
De acordo com Makepeace, mesmo com a interferência chinesa, o rebaixamento honconguês ao status de mercado emergente minaria a confiança de Beijing no mercado financeiro.
Segundo ele, a China anseia por promover as bolsas de valores de Hong Kong e Xangai como locais atraentes às empresas do mundo todo.
Ainda assim, os recentes bloqueios ao IPO (oferta pública de ações, em inglês) da fintech Ant Grout, no dia 9, pode ter prejudicado a imagem de prosperidade visada por Beijing em seu mercado financeiro.
Grandes corporações como Alibaba e Tencent viram suas ações na Bolsa de Hong Kong despencar após o governo de Xi Jinping decretar restrições aos setores de internet, comércio eletrônico e finanças digitais.