Cervejarias Heineken e Carlsberg engordam lista de empresas ocidentais fora da Rússia

As duas empresas anunciaram que venderão seus negócios e deixarão de atuar na Rússia em função da guerra na Ucrânia

Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, anunciaram na segunda-feira (28) que venderão seus negócios e deixarão de atuar na Rússia, em função da agressão que desencadeou a guerra na Ucrânia. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

Ao justificar sua decisão, a Heineken disse que os negócios “não são mais sustentáveis nem viáveis no ambiente atual. Como resultado, decidimos deixar a Rússia”. Segundo a empresa, a intenção é realizar uma “transferência ordenada de nossos negócios para um novo proprietário em total conformidade com as leis internacionais e locais”.

Os planos da empresa holandesa incluem manter o pagamento de seus funcionários até o final do ano, período no qual buscará um comprador, bem como vender o negócio sem margem de lucro.

A Carlsberg inicialmente afirmou que apenas deixaria de produzir e vender a cerveja que leva o nome da empresa. Mais tarde, porém, reviu sua posição e também optou pela venda do negócio, afirmando que a “escalada da crise humanitária e de refugiados choca a todos nós”.

Até a venda, a empresa dinamarquesa diz que seguirá em funcionamento, mas com uma operação em pequena escala.

Garrafas de cerveja Heineken (Foto: Creative Commons)

Êxodo de empresas

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, mais de 450 empresas ocidentais anunciaram que deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.

A debandada custará caro ao consumidor russo, privado de produtos em setores diversos, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia. Mas que também pode afetar o Ocidente, sobretudo nos casos do gás e do petróleo.

Pensando na Rússia, o maior impacto será causado pelo êxodo das empresas do setor de geração de energia, que já começaram a suspender sua atuação no país, cuja economia é fortemente dependente desse mercado. Destaque para a BP, empresa britânica de gás e petróleo que cancelou um investimento de US$ 14 bilhões na empresa estatal russa Rosneft, segundo a rede Voice of America (VOA).

Nessa área, as sanções já anunciadas por EUA e Reino Unido, que deixaram de comprar petróleo e gás da Rússia, tendem a causar problemas inclusive ao Ocidente, com a perspectiva de grande aumento global nos preços dos combustíveis. E pode piorar, vez que Moscou ameaça suspender o fornecimento de gás natural à Europa como represália e tem afirmado só aceitará vender esses produtos se o pagamento for feito em rublos russos, a fim de fortalecer sua moeda.

No setor de alimentação, alguns gigantes mundiais suspenderam suas operações na Rússia. Um deles é o McDonald’s, que fechou todos seus restaurantes. Ao final do ano passado, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas são operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação responde por 9% da receita global da empresa.

Seguindo o mesmo caminho da tradicional rede de lanchonetes, a Coca-Cola também confirmou a saída da Rússia. “Nossos corações estão com as pessoas que estão resistindo a efeitos inconcebíveis desses trágicos eventos na Ucrânia”, disse a empresa em comunicado. A PepsiCo, por sua vez, deixa de vender bebidas na Rússia, mas mantém as linhas de produtos essenciais, como leite e comidas para bebês. O Starbucks fechou as lojas e interrompeu o fornecimento de produtos a parceiros.

Loja do McDonald’s na Rússia (Foto: Wikimedia Commons)

A indústria automobilística também começou a deixar a Rússia, puxada pelas decisões das japonesas Toyota e Nissan de suspenderem a produção em suas fábricas em São Petesburgo. Ambas também anunciaram que deixam de exportar veículos ao país, decisão que foi acompanhada por outras gigantes do setor como HondaJaguarFerrariGM e Volkswagen. Na área de aviação, a Boeing diz que não mais compraria titânio russo para usar na produção de aviões.

Outra decisão que tende a impactar na rotina dos russos é o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito Mastercard e Visa. O maior banco estatal da Rússia, o Sberbank, disse que o impacto na rotina doméstica dos cidadãos seria pequeno. A instituição financeira assegurou que ainda é possível “sacar dinheiro, fazer transferências usando o número do cartão e pagar em lojas russas offline e online”, de acordo com a rede britânica BBC.

A tendência é a de que os consumidores russos possam usar os cartões normalmente até que percam a validade, e depois disso não recebam novos plásticos. Entretanto, os cartões emitidos na Rússia já deixaram de ser aceitos no exterior. Isso criou problemas, por exemplo, para turistas russos que ficaram impedidos de deixar a Tailândia, por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.

No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.

Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto WarnerDisney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhonesiPads e afins, em território russo. Panasonic, NokiaMicrosoft e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.

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