O ex-secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, alerta sobre um possível conflito militar caso as já desgastadas relações entre EUA e China não sejam pacificadas.
Braço direito dos ex-presidentes Richard Nixon e Gerald Ford nas relações internacionais, o diplomata de origem judia foi um dos protagonistas na política externa norte-americana entre 1968 e 1976.
Aos 97 anos, Kissinger relaciona a disputa entre Washington e Beijing com a crise que precedeu a Primeira Guerra Mundial.
“Os EUA e a China se aproximam de um confronto e conduzem sua diplomacia de forma confrontadora”, afirmou o ex-secretário de Estado em evento da Bloomberg nesta terça (17).
“A menos que haja alguma base para ação cooperativa, o mundo cairá em uma catástrofe comparável à Primeira Guerra Mundial. Mas com as tecnologias militares disponíveis hoje, a crise seria ainda mais difícil de controlar”, assumiu Kissinger.
“Guerra Fria 2.0”
A chamada “Guerra Fria 2.0” entre os dois países é o primeiro passo a um longo conflito, caso o democrata recém-eleito, Joe Biden, não freie a crise.
A erosão nas relações entre Beijing e Washington se aprofundou desde o início da pandemia, quando Donald Trump culpou o país pela erupção de casos no mundo.
O vírus, no entanto, foi apenas a largada à troca de farpas e sanções ininterruptas entre as duas potências mundiais, que agora estendem a disputa em termos comerciais e tecnológicos a aliados ao redor do mundo.
“Os EUA e a China nunca enfrentaram países de magnitude semelhante. Esta é a primeira experiência. Por isso devemos evitar que se transforme em um conflito militar”, pontuou Kissinger, ao ressaltar da necessidade de respeito entre as diferenças culturais dos dois países.